terça-feira, 29 de novembro de 2011

Uma vitória com a espessura de um dedo


JOGO 459 - 22/11/2011

Nenhum homem posicionado a oeste do Meridiano de Greenwich é capaz de entender perfeitamente as mulheres. Nenhum.

Para as mulheres, tomar cerveja com os amigos depois do futebol da terça é um pecado capital. Para as mulheres, preferir ir ao jogo do time do coração a visitar a sogra no domingo é algo injustificável. Para as mulheres, urinar na rígida superfície da tampa do vaso sanitário pode desencadear uma briga. Jogar a cueca atrás da porta depois do banho, nem se fala. Perder uma aliança de ouro branco que custou os olhos da cara, então, é sinônimo de divórcio.

O Bruno Dias é um sujeito corpulento. Boa-praça, o Bruno Dias é um daqueles amigos que estão sempre sorrindo e brincando, um daqueles sujeitos grandalhões que estão voltimeia dançando suas dezenas de quilos em cima dos sofridos joelhos. O Bruno Dias, enfim, não para quieto. E, apesar de exibir um vistoso corpanzil – seu peso atinge a casa dos três dígitos –, o Bruno Dias tem um dedinho-anelarzinho bem magrinho. Um dedinhozinho da nada, bem fininho.

Que azar, o do Bruno Dias. Sofre de nanismo justo no dedo mais importante para a sobrevivência de um casamento: o anelar. E foi numa dessas espalhafatosas (mas às vezes providenciais) saídas do gol que o Bruno Dias operou um milagre na terça-feira passada: espalmou a bola e lançou sua aliança de casamento caríssima para cima. As duas coisas ao mesmo tempo. Deu-se o pânico na Libanesa: o Bruno perdeu a aliança e teve que sair do jogo, ajoelhando-se feito um cão farejador em busca do tesouro sumido.


A esta altura, o jogo estava soberanamente dominado pelo time sem colete. Mas foi então que, apiedados da situação de Bruno, os jogadores da equipe de colete reagiram. E atacaram e diminuíram a vantagem e empataram. E viraram. Quando o time sem colete buscou a reação novamente, soou o gongo e a partida estava terminada.

Como prêmio de consolação, o capitão do sem colete, Leo, precisou de pouco mais de 30 segundos para encontrar a aliança, engatada caprichosamente em um ferro da grade protetora do campo, salvando o casamento de Bruno Dias. A paz estava estabelecida, e a partida, terminada.

No futebol da Libanesa, assim como na vida, o ditado prevalece: por mais finos que eles sejam, ficam os dedos, e em qualquer sinal de distração, vão-se os anéis. Ou as vitórias. Ou as mulheres.

Ficha técnica:
Com colete (11): Bruno, Dimitri, Gian, Guilherme, Bonamigo, Chicco e Zanatta (Diego do Xuxa)
Sem colete (9): Brito, Leo, Xuxa, Gustavo, Leandro, Diego Possebon e Mateus (Telmo)

Ranking atualizado


sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Uma vitória para Deodoro da Fonseca

Quando anuncia-se um feriado, a turma já sabe: vai faltar gente pro futebolzinho da Libanesa. Não foi o que aconteceu na última terça-feira (15), quando, inspirados pelo espírito da Proclamação da República no Brasil, 15 valentes jogadores honraram o colete sagrado do jogo das terças.

O número excedente acabou sendo necessário, já que o convidado Dudu Cabral torceu o joelho em lance na linha de fundo, no começo da partida. Em uma vitória sem qualquer possibilidade de contestação, o time com colete se impôs do primeiro ao último minuto, deixando até o Sylvio tranquilo, calminho, calminho. Pouco exigido no gol, Gustavo não sossegou enquanto não foi pra linha e se vingou de Chicco, aplicando-lhe uma bonita janelinha.

Disposição de Bonamigo não bastou para o sem colete
Mesmo com a disposição dos recém-contratados Bruno Dias, que se atrasou 20 minutos mas exibiu a mesma boa forma dos velhos tempos (sem trocadilho, pessoal!), e Bonamigo, que fez jus à sua fama de raçudo com um strike antológico, em que derrubou 7 oponentes em um único movimento (touch down!), a equipe sem colete passou por maus bocados.

O rei do Mocassin – Carente na defesa, o único zagueiro do time, amigo do Bruno, não conseguiu conter os avanços de Mateus, Leandro e cia. Foi ele, aliás, quem protagonizou uma das maiores bizarrices dos 10 anos de história desse futebol, ao calçar sem pedir os sapatos de festa do convidado TH, que estavam ao lado do campo. “Se eu tivesse deixado ali um terno e uma gravata, tenho a impressão de que ele também vestiria”, suspirou o convidado, que só notou a falta dos seus sapatos quando viu o gaiato tirando-os do pé, ao apito final do juiz.


O feriado marcou, enfim, uma vitória acachapante por 13 a 8, em uma batalha desigual que em nada lembrou as honrosas, difíceis e árduas conquistas democráticas do Marechal Deodoro da Fonseca e sua trupe anti-imperialista do século 18. Se em geral o 15 de novembro é lembrado como o dia da Proclamação da República, na Libanesa foi um incontestável Dia de Rei para o time com colete.

Ficha:
Com colete (13): Gustavo (depois Amigo do Telmo), Sylvio, Gian, TH, Dudu, Leandro e Mateus.
Sem colete (8): Bruno Dias, Amigo do Bruno, Amigo do Telmo, Chicco, Bonamigo, Telmo e Zanatta.

* Ranking atualizado


sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O que realmente importa em um time de futebol

O jogo estava perdido. Só os mais fanáticos gremistas sabem o quanto era envolvente o trio terminal do Boca Juniors, formado por Riquelme, Palácios e Martin Palermo. Aos 12 minutos do segundo tempo, entretanto, quando a vitória argentina já era inevitável, a Bombonera conheceu a ira de Sandro Goiano. O lateral Ibarra ciscou duas vezes com a bola quicando em frente ao volante do Grêmio, que não teve dúvidas: desferiu uma voadora no queixo do castelhano. Nocaute.

O lance não evitou a derrota do Grêmio naquela final de Libertadores, mas lavou a alma dos torcedores. No futebol, como em quase tudo na vida, a capacidade de indignação e a força de vontade são muito mais importantes do que a qualidade técnica. E foi justamente uma sensação de que “não vai dar pra buscar” que ocasionou a derrota do time sem coletes, terça-feira passada, na Libanesa.

Separados na maternidade: Guilherme e o ator André Gonçalves
Um meio-campo formado por Xuxa, Guilherme e Leandro deveria ter capacidade de criação, com avanços pelos dois lados e pelo meio. E um ataque com o Pedra e o Zanatta, faro de gols. Mas o jogo transcorreu por 60 longos minutos, e o time sem colete passou os 60 minutos achando que não daria pra chegar. E não deu.

O problema se agravou quando o Pedra quebrou o pé ao meio. O peito do pé do Pedra é preto. O time sem colete permitiu a condução de bola a passos firmes de Telmo, a decisão e o acabamento de Mateus, as chegadas de Gian e Anderson. E não conseguiu quase nunca furar a defesa capitaneada por Léo e muito bem vigiada pelo atento Gustavo – que foi uma espécie de Guido sem falar chiado. Aliás, se chiar resolvesse, Sonrisal não morria afogado.

Dimitri tentou se virar, Xuxa pediu o fim do jogo e Zanatta não conseguiu sair da marcação. É bem verdade que a sorte e a trave muitas vezes não ajudaram o time de colete – que parecia estar com a cabeça distante, talvez com saudades de Bruno, Bonamigo e companhia (por favor voltem, e façam Leandro, Pedra e Zanatta voltarem a sorrir).

Telmo conduziu time de colete
Léo não desiste do seu penteado, Bruno não desiste do seu helicóptero de brinquedo, Xuxa não desiste de sua cueca de oncinha. A vida invariavelmente premia os guerreiros e os resistentes. Sandro Goiano, um indignado por natureza, ganhou faixa no Olímpico e é saudado até hoje pelos gremistas.

No futebol, assim como na vida, a vontade de vencer é muito mais importante que a qualidade técnica.


Ficha técnica:
Com coletes (13): Gustavo, Leo, Anderson, Gian, Telmo, Chicco e Mateus.
Sem coletes (5): Brito, Dimitri, Xuxa, Guilherme, Leandro, Zanatta e Pedra.

Ranking atualizado na seção “Ranking”.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Um dia para ser esquecido


Os mais de 400 jogos de glórias do futebol da Libanesa foram severamente desrespeitados na última terça. As regras invariavelmente mantidas, o equilíbrio dos embates e a qualidade do espetáculo foram deixadas de lado pelos 12 quebradores de bola que, em uma noite pouco inspirada, protagonizaram um jogo lamentável sob os olhares atônitos da torcida, que compareceu em peso.

Mesmo sem grande brilhantismo, a equipe de colete comandou o jogo do primeiro ao último minuto, aproveitando-se da péssima jornada do time colorido. O fracasso começou antes do jogo, quando Gustavo, com medo de levar mais chapeuzinhos, simplesmente desapareceu; e Mateus, intimidado por sua má colocação no Ranking, ficou comendo pizza.

A coisa estava tão feia para o time sem colete que, lá pelas tantas, o magistrado Sylvio sentenciou a um adversário: “Tu és um mau caráter! Tens que te acusar quando fizer um pênalti, tchê! Seu descarado!”, e esta foi a expressão mais suave ouvida em campo. Léo tentou amenizar: “Calma, Sylvio. Calma....”. Mas, a par das discussões, o time seguia apanhando do rival.

A tragédia só não foi maior porque Pedra descobriu sua verdadeira função: bater de tiro livre de futebol americano. O cara acertou dois chutes de 60 jardas, do outro lado do campo, e amenizou a fiasqueira. Gian fechou o placar de 11 x 6 com um chute na gaveta, indefensável para Brito, e comemorou girando o óculos  no ar. Um laçador de miopias. Um Beto Carreiro das dificuldades de visão. Golaço.

Zanatta queria churrasco após o jogo mas, na noite da última terça, a única carne duramente espetada foi a do time sem colete.
Uma noite, enfim, mal passada para os amantes do futebol arte.

Ficha técnica:
Sem colete (6): Brito, Leo, Sylvio, Gordinho, Chicco e Pedra.
Com colete (11): Goleiro convidado, Anderson, Xuxa, Gian, JP e Zanatta.

Tabela Atualizada na seção “Ranking”