JOGO 461 - 06/12/11
O ano era 1239, e o jovem Tomás de Aquino passava seus dias a escrever teorias. Escreveu sobre a perfeição dos seres, escreveu sobre a relação causa e efeito, escreveu e escreveu e escreveu. Aos 14 anos, entretanto, escreveu sobre seu tema mais relevante. Debruçou-se sobre aquilo que, cem anos depois, seria sentenciado pela Igreja Católica como o sétimo Pecado Capital. Em bom português, a Soberba.
O ano era 1239, e o jovem Tomás de Aquino passava seus dias a escrever teorias. Escreveu sobre a perfeição dos seres, escreveu sobre a relação causa e efeito, escreveu e escreveu e escreveu. Aos 14 anos, entretanto, escreveu sobre seu tema mais relevante. Debruçou-se sobre aquilo que, cem anos depois, seria sentenciado pela Igreja Católica como o sétimo Pecado Capital. Em bom português, a Soberba.
Algumas pessoas passarão seu curto período na Terra arraigadas a este mal. É um problema que em nada tem a ver com caráter – ao contrário, na grande maioria das vezes, acomete os melhores indivíduos. Amigas, afáveis, por vezes discretas, estas pessoas perderão anos de amizades, dezenas de chopes com os companheiros de futebol, incontáveis festas, milhares de boas risadas e divinos momentos com os seus, simplesmente pela mera condição de considerarem-se acima do bem e do mal. Não podem, em hipótese alguma, serem contrariadas, mas seu primeiro ato instintivo é, via de regra, o da contrariedade. Afinal, eu sou melhor que você. Meu carro é melhor, ou meu sorriso é mais bonito. Meu cargo me permite. Minha bola é cheia, e minha verdade, a definitiva.
A Lei Divina, nestes casos, não é justa. Normalmente, quando a ficha cair, terá sido tarde demais. As festas terão passado, os amigos também. O choque de realidade acontece pelo viés mais torto: você só precisa de Deus quando, ao sair do jogo do seu time, enfia suas oito costelas em seus pulmões e acorda em uma CTI. Só precisa dos amigos quando seu problema cresceu. Só se sujeita às críticas se estiver precisando dos seus críticos. Aceita o diagnóstico médico porque precisa dele para sobreviver. É uma pena.
O mundo precisa de mais Brunos Dias e Britos, invariavelmente brincalhões. Precisa de gentis e sempre sorridentes Leonardos, Gustavos, Guilhermes. Da serenidade de Andersons, Telmos, Dimitris, Diegos, Fabianos e Gians. Precisamos de mais pensadores firmes, mas ponderados, novos Pedros, Leandros, Zanattas, Pedras. A vida pede mais homens de sangue quente, mas que levam a amizade e a honradez acima de tudo: Xuxas, Guidos, Bonamigos, Dinhos e Guinazus.
Desejo a todos os meus amigos que um dia experimentem, mas sem ter passado por semelhante situação, a doce e sublime sensação de jogar futebol com seu irmão após senti-lo chorando 11 dias aos pés de sua CTI, clamando por sua recuperação. É uma relação visceral, que não tolera a Soberba.
Superbia. Um pecado tão grandioso que Tomás de Aquino julgou fora de série e alertou: deveria ser tratado em separado do resto e merecendo uma atenção especial. O sétimo Pecado Capital.
Mas nada e nenhum mal pode vencer o tempo, senhor de nosso destinos.
Essa é uma sentença irrefutável da vida.
Sem direito a recorrer da decisão.
Ficha técnica:
Com Colete (10): Brito, Sylvio, Anderson, Xuxa, Fabiano, Chicco, Telmo e Pedra.
Sem Colete (9): Gustavo, Gian, Leo, Guilherme, Bonamigo, Leandro e Mateus.
Ranking Atualizado
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