quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O segredo por trás de Guido



Jogo 471

Você tem a bola dominada. Avança, conduz a jogada em velocidade e, de repente, surge Guido e seus catorze tentáculos. Ele espicha a perna, se joga de cara, projeta o corpo e sai com a bola dominada – ou simplesmente dá um balão para onde o nariz estiver apontando. Se você já foi personagem desta cena, bem-vindo. Mesmo que tenha perdido o jogo desta terça-feira (28) e amargado um oitavo lugar no ranking final da Libanesa, Guido merece uma crônica. Ou, mais que isto, uma explicação freudiana.

Acontece que Freud justificou a formação do caráter e a composição ética, moral e psicológica das pessoas a partir das fases da infância. Chamou de fase oral aquela em que os bebês estão sempre com as mãos, os brinquedos e tudo o que veem pela frente na boca. Segundo Freud, este é o estágio em que as crianças aprendem que o mundo não gira em torno delas.

A etapa seguinte, que ocorre até os três anos de idade, é a fase anal, vislumbrou Freud. É quando o prazer dos pequetitos se dá, pasme, pelo ânus. É neste período que os bebezinhos definem se serão explosivos ou calmos, agressivos ou tranquilos, dedicados e determinados ou reles songamongas. Presumo eu que esta tenha sido uma fase inesquecível para Guido, já que ele é a personificação do impulso, da vontade, da inquietude com os resultados adversos. É um exemplar raro, um homem com determinação.

Guido, em sua bendita fase anal, deve ter visto estrelas de prazer nas areias de Copacabana que o tornaram um homem motivado, decidido, ambicioso por conquistas, sedento por vitórias. Carioca da gema, Guido parece um zagueiro do São Luis de Ijuí, tamanha é sua garra e entrega em campo. Fala chiado, mas corre como um guasca da fronteira. É realmente comovente ver Guido desfilar seu caráter cuidadosamente formado em 12 meses de uma irretocável fase anal pelos gramados da Libanesa: ele se doa, como muito profissional de hoje em dia deveria fazer e não faz.

Freud certamente ficaria comovido se conhecesse Guido e sua surpreendente fase anal. Talvez elaborasse novas teorias, talvez a fase anal jamais tenha passado em alguns adultos. Guido é um monstro da zaga e, ao mesmo tempo, uma criança ávida em busca dos seus objetivos. Freud explica.


Gustavo é campeão

Esta foi uma daquelas partidas em que o resultado final não reflete o que foi o jogo. Chicco, apático, não conseguia criar no meio-campo do time Sem Colete. Por outro lado, a equipe com camisa dominava as ações, fazia muitos gols, merecia um placar em vantagem, mas misteriosamente não conseguia sair do empate.

Foi então que, em um lampejo de cerca de cinco minutos, a esquadra Sem Colete virou seu traseiro para a lua, e tudo deu certo naquele tempo. Foram cinco minutos de muita sorte, num daqueles momentos em que a bola batia nos jogadores e entrava. E foi justamente aí que o time Sem Colete passou à frente, tomou as rédeas da partida e, até valendo-se do cansaço do adversário, matou o jogo, sagrando Gustavo o campeão do sexto ranking computado na história da Libanesa.

A partir da semana que vem, a tabela estará zerada.
Quem aposta em um favorito?


Ficha técnica:
Com Colete (10): Bruno, Guido, Dimitri, Fabiano, Telmo, Leandro e Mateus.
Sem Colete (13): Jovem, Leo, Gian, Xuxa, Chicco, Gustavo e Zanatta.


* Tabela final disponível na aba “Ranking”.
 
Menções honrosas:
- Gian - 100% de presença (25 jogos disputados);
- Anderson - Melhor aproveitamento (76,9%, apenas 1 derrota em 13 jogos).

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O jogo 470

Jogo 470


É contagiante o empenho de Guido. Fala chiado mas chega firme, por mais antagônico que isso possa ser.

É comovente a entrega de Guido em campo. Ele conduziu a vitória do time Com Colete na terça-feira, 14 de fevereiro de 2012.

Aguarde homenagem, Guido. Você colocou o inseparável amigo Gustavo na ponta do Ranking, a um jogo do fim de mais uma contagem de pontos.

Você merece.

Com Colete (10): Bruno, Anderson, Guido, Fabiano, Gustavo, Gian, Chicco e Zanatta
Sem Colete (8): Brito, Leo, Dimitri, Xuxa, Guilherme, Bonamigo, Leandro e Mateus

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Quando discutir faz bem



Jogo 469
Era um jogo truncado, mas o time sem colete se impunha. Nervosa, a equipe verde assistia passivamente aos ataques adversários. De outro lado, os concentrados Guido, Dimitri e Fabiano guarneciam com eficiência sua defesa, anulando Chicco, Mateus e Telmo – ou, como diz o próprio Guido em alusão ao meia argentino do Boca Juniors, “RiTelmo”.

Com a má atuação, o início das discussões entre os integrantes do time com colete era uma questão de tempo, mas ninguém poderia imaginar quem seriam os personagens centrais do conflito. Eram jogados mais de 40 minutos da partida, quando Leo e Gian, dois lordes ingleses, dois descendentes da mais alta ordem da Cavalaria, dois exemplos de fineza e boa educação, começaram a discutir na bandeirinha de escanteio. Trocaram desaforos bem-educados, e nem poderia ser diferente, mas discutiram. Em nenhum momento ameaçaram a integridade física do companheiro, mas discutiram. Não obstante, Leo, o modelar Leo, o capitão Leo, deu largada em seguida a uma outra discussão, desta vez com Xuxa. Este, sim, um sujeito bem mais fácil de se discutir. Leo gritou, esperneou, xingou, bateu pé e manteve posição firme, mas com a maior finèsse. Foi um santo remédio.

Instigados a mostrarem serviço, Gian e Xuxa converteram-se nas duas principais figuras em campo, e avançaram e foram jogar de atacantes. E deram passes. E fizeram gols. Aliás, fizeram os dois últimos gols do time de coletes, os gols de empate, os gols derradeiros. Assumiram o comando do time de verde e, desafiados que foram, mostraram do que seriam capazes. E correram pro abraço de Leo e dos companheiros.

"RiTelmo" lutou até o fim e conseguiu o empate
A genialidade e o espírito de liderança podem, afinal de contas, aparecer em momentos de tensão e discussões. Popular por ter sido o primeiro-ministro britânico na Segunda Guerra Mundial e notável discursista, Winston Churchill iniciou, na década de 1940, um bate-boca com sua principal adversária política no parlamento. Em dado momento, Churchill ouviu pacientemente a interlocutora bradar: “Se eu fosse sua esposa, colocaria veneno em sua xícara de café”.
O regrado e polido parlamento alvoroçou-se diante de tal ímpeto, esperando uma dura bravata de Churchill, que retirou calmamente seu óculos da face e disse: “Se eu fosse seu marido, tomaria esse café”.

Churchill, o lorde brigão
Churchill era um Sir da coroa inglesa, que sabia o momento certo de discutir. Assim como Leo e Gian, pacienciosos e calmos, até que provem o contrário. Os dois e sua sábia discussão, somados ao Xuxa, foram os principais responsáveis pelo empate do futebol da Libanesa da terça passada. Um empate com sabor de vitória para os ajuizados e oportunos brigões.


Ficha técnica:
Sem colete (12): Bruno, Guido, Dimitri, Gustavo, Fabiano, Guilherme, Bonamigo e Zanatta.
Com colete (12): Brito, Leo, Anderson, Gian, Xuxa, Telmo, Chicco, Leandro e Mateus.


Ranking atualizado (faltam duas rodadas!).

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A história do Rei Salomão



 Jogo 468

Salomão era um rei precavido. Famoso por construir grandes muros e por reforçar o poderio bélico de Jerusalém, contava com a admiração de todos os judeus naqueles meandros do século X antes de Cristo. Governou a Terra Sagrada por 40 anos e, logo nos primeiros dias, conquistou seu povo com a incrível vocação para liderar.

Naquela manhã, duas mulheres dirigiram-se ao Rei Salomão, ambas reivindicando a maternidade de um pequeno bebê. Discutiam, cada qual alegando ser a verdadeira mãe da criança. Sob os olhos perplexos dos súditos, Salomão ordenou que o bebê fosse partido ao meio, de modo que cada mãe ficasse com a metade da criança. A verdadeira mãe, entretanto, interveio – preferia ter seu filho vivo, com outra pessoa, a vê-lo morto. E o Rei Salomão descobriu, assim, quem era a verdadeira mãe.

Verídica ou não, a história do Rei Salomão revela uma das grandes dificuldades do futebol, do trabalho, da vida: a tomada rápida de decisões. Na última terça-feira, o time sem coletes atacava em bloco e pressionava a equipe de coletes em seu campo defensivo, abrindo boa vantagem no marcador, quando o capitão Leo, lesionado e descontado, agiu com a calma e com a serenidade dos grandes líderes: pediu pra sair, abrindo mão da sua fome de bola pelo bem coletivo. O time de Leo não conseguiu empatar, mas emparelhou o jogo e assustou o Sem Coletes.

Ao sair de campo, Leo colocou, em seu lugar, outro personagem da semana passada: Anderson, que curiosamente também havia tomado, com destreza, uma decisão sábia e rápida que salvou sua vida na antevéspera do jogo. Ao colidir seu carro contra um cavalo na BR-116, Anderson deixou o veículo tão logo foi possível. Instantes depois, outro automóvel desgovernado acertou em cheio a traseira do carro de Anderson, agora vazio. A partir de uma escolha definitiva, Anderson salvou sua vida e entrou em campo pelos dois times, dois dias após o acidente, no nosso futebol da última terça.

Mais que uma grande piada ou gozação com os amigos, o texto desta semana é uma homenagem àqueles que agem com determinação, com convicção, com esperteza, com calma e com a razão. É uma ode ao Rei Salomão, mas também ao Leo e, principalmente, ao Anderson, que foram – e que normalmente são – soberanos em suas decisões.

É sempre bom nos cercarmos de pessoas assim.


Ficha técnica:

Com colete (7): Brito, Leo (Anderson), Dimitri, Xuxa, Guilherme, Fabiano e Zanatta.
Sem colete (11): Bruno, Guido, Anderson, Gian, Leandro, Telmo, Chicco e Mateus.

(Ranking Atualizado)

Extra! Flagramos Chicco no Planeta Atlântida!