Jogo 471
Você tem a bola dominada. Avança, conduz a jogada em velocidade e, de repente, surge Guido e seus catorze tentáculos. Ele espicha a perna, se joga de cara, projeta o corpo e sai com a bola dominada – ou simplesmente dá um balão para onde o nariz estiver apontando. Se você já foi personagem desta cena, bem-vindo. Mesmo que tenha perdido o jogo desta terça-feira (28) e amargado um oitavo lugar no ranking final da Libanesa, Guido merece uma crônica. Ou, mais que isto, uma explicação freudiana.
Acontece que Freud justificou a formação do caráter e a composição ética, moral e psicológica das pessoas a partir das fases da infância. Chamou de fase oral aquela em que os bebês estão sempre com as mãos, os brinquedos e tudo o que veem pela frente na boca. Segundo Freud, este é o estágio em que as crianças aprendem que o mundo não gira em torno delas.
A etapa seguinte, que ocorre até os três anos de idade, é a fase anal, vislumbrou Freud. É quando o prazer dos pequetitos se dá, pasme, pelo ânus. É neste período que os bebezinhos definem se serão explosivos ou calmos, agressivos ou tranquilos, dedicados e determinados ou reles songamongas. Presumo eu que esta tenha sido uma fase inesquecível para Guido, já que ele é a personificação do impulso, da vontade, da inquietude com os resultados adversos. É um exemplar raro, um homem com determinação.
Guido, em sua bendita fase anal, deve ter visto estrelas de prazer nas areias de Copacabana que o tornaram um homem motivado, decidido, ambicioso por conquistas, sedento por vitórias. Carioca da gema, Guido parece um zagueiro do São Luis de Ijuí, tamanha é sua garra e entrega em campo. Fala chiado, mas corre como um guasca da fronteira. É realmente comovente ver Guido desfilar seu caráter cuidadosamente formado em 12 meses de uma irretocável fase anal pelos gramados da Libanesa: ele se doa, como muito profissional de hoje em dia deveria fazer e não faz.
Freud certamente ficaria comovido se conhecesse Guido e sua surpreendente fase anal. Talvez elaborasse novas teorias, talvez a fase anal jamais tenha passado em alguns adultos. Guido é um monstro da zaga e, ao mesmo tempo, uma criança ávida em busca dos seus objetivos. Freud explica.
Esta foi uma daquelas partidas em que o resultado final não reflete o que foi o jogo. Chicco, apático, não conseguia criar no meio-campo do time Sem Colete. Por outro lado, a equipe com camisa dominava as ações, fazia muitos gols, merecia um placar em vantagem, mas misteriosamente não conseguia sair do empate.
Foi então que, em um lampejo de cerca de cinco minutos, a esquadra Sem Colete virou seu traseiro para a lua, e tudo deu certo naquele tempo. Foram cinco minutos de muita sorte, num daqueles momentos em que a bola batia nos jogadores e entrava. E foi justamente aí que o time Sem Colete passou à frente, tomou as rédeas da partida e, até valendo-se do cansaço do adversário, matou o jogo, sagrando Gustavo o campeão do sexto ranking computado na história da Libanesa.
A partir da semana que vem, a tabela estará zerada.
Quem aposta em um favorito?
Ficha técnica:
Com Colete (10): Bruno, Guido, Dimitri, Fabiano, Telmo, Leandro e Mateus.
Sem Colete (13): Jovem, Leo, Gian, Xuxa, Chicco, Gustavo e Zanatta.
* Tabela final disponível na aba “Ranking”.
Menções honrosas:
- Gian - 100% de presença (25 jogos disputados);
- Anderson - Melhor aproveitamento (76,9%, apenas 1 derrota em 13 jogos).
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