quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Alegria



Jogo 507

Ainda lembro do meu primeiro jogo na Libanesa. Cheguei com meia hora de antecedência, porque “é bem organizado e tem que chegar cedo”, alertou meu irmão. Sentei atrás da goleira e vi Carlos Miguel e Dinho desferirem dezenas de bombas no pobre arqueiro do time de cá.

Foi quando chegou um rapaz de meia-idade, aparamentado com equipamentos de goleiro e um largo sorriso no rosto. Sentou comigo, e seu “boa-noite” não foi solene: ao contrário, logo tratou de quebrar o gelo: “Se tu é novato vai ter que passar pelo crivo do Dinho”, brincou. Um cartão de visita e tanto.

Com o passar das semanas, jogo a jogo, sua marcante característica foi ficando cada vez mais evidente: o bom-humor, a piada, o contentamento, a graça, o sorriso. A alegria. Trata-se de um agregador, uma figura ímpar e fundamental para a harmonia de qualquer grupo de pessoas. No estresse da derrota, na frustração de um gol de empate levado no último minuto e obviamente na glória redentora das vitórias, este homem está invariavelmente sorrindo.

É imperioso dizer que este sujeito não se acomoda com a derrota; antes, grita, orienta e vibra com os companheiros durante as partidas da Libanesa. Mas, passados os 60 minutos do jogo – ou vez por outra até durante eles –, lá estará a agradável companhia do goleiro nos sorrindo novamente.

Pois soube recentemente que este sujeito que ora nos sorri passa por um sério problema de saúde na família há meses, e nem assim deixou de desfilar seu marcante sorriso semanalmente em nosso futebol. É comovente pensar que este amigo, ainda que tenha passado por barras tão pesadas quanto nenhum de nós jamais conseguirá mensurar, tenha permanecido silente, firme e forte – e assombrosamente sorridente – nos encontros das terças. Seus fios brancos, agora sei, escondem uma sabedoria suprema, uma lição de vida docente, enriquecedora.

Muito mais que uma homenagem a este grande cara, este texto é um convite à alegria. Paulo Brito é um exemplo, porque a vida é muito curta para ser PEQUENA.

E fica mais fácil, prazerosa e divertida se empurrada – incondicionalmente – com um vasto sorriso e com alegria.



Ficha técnica:
Com Colete (8): Brito, Guido, Eduardo, Deco, Telmo, Chicco e Mateus.
Sem Colete (4): Bruno, Leo, Dimitri, Xuxa, Guilherme, Gustavo, Leandro e Zanatta.

* Ranking atualizado

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