Há um sujeito entre nós com fama de valentão, e esse
sujeito é Bruno Dias. São incontáveis as histórias sobre a valentia de Bruno
Dias: certa feita, desafiou um ladrão que tentou levar seu relógio, noutra vez sentou
a mão em um devedor que ousou engrossar a voz em seu escritório, por vezes já
discutiu com Leandro, Leo, Bonamigo, Xuxa e Telmo, e assim por diante. Um dos
bordões de Bruno Dias, inclusive, é: “Eu gosto de homens com personalidade”.
Bruno se irrita com muita facilidade, tem o pavio curto.
Mas também premedita, por vezes, seus atos de violência, acrescentando
requintes de crueldade à sua valentia. A história verídica que vou narrar agora,
bem aqui abaixo, prova isso.
Para quem não sabe, o Futebol da Libanesa alcançou
nesta semana, em um empate histórico, justo, emblemático e muito sofrido para o
time de coletes, que resultou de um jogo com 26 gols, pois bem, o Futebol da
Libanesa alcançou nesta terça-feira a partida de número 526. São 526 semanas
quase ininterruptas de futebol, e como temos em média quatro terças-feiras por
mês e doze meses por ano, faça suas contas: este é realmente um encontro
futebolístico antigo e tradicional.
Naquele tempo, um baiano alto e divertido e com
joelhos fortes desferia lançamentos impecáveis de 60 metros pelos campos da HD,
já que ainda não jazia na Libanesa o futebol desta moçada. Bruno Dias já não
gozava do auge de sua boa forma, mas ainda tinha agilidade para jogar e arrumar
confusão depois dos jogos. Foi num desses rompantes pós-futebol que Bruno Dias
mexeu com a pessoa errada: ao ouvir uma brincadeira do baiano longilíneo, um
baixinho com seu um metro e sessenta ergueu-se sobre um banco e, cercado de
amigos bad boys, desafiou o brincalhão Bruno Dias: era um conhecido traficante
das cercanias. Acuado, Bruno fugiu sem pensar duas vezes. Mas a empáfia do
baixote o deixou grilado. Estava decidido: ele voltaria lá na terça-feira
seguinte e arrancaria, com um alicate de unhas, um a um, todos os dentes
daquele baixinho.
Bruno Dias passou a semana sem trabalhar, mancomunando
sua vingança. Comprou uma peruca loira, quase ruiva, uma peruca tintada de
acaju, uma peruca crespa, e decidiu: pegaria o baixinho de surpresa. Na terça
seguinte, Bruno Dias vestiu sua peruca e, cabeça em riste, dirigiu-se à HD,
palco de seu plano maquiavélico. Chegou na quadra e lá estava o baixinho em
meio a seus amigos, sorrindo como sempre, cercado de mulheres como sempre,
metido à besta como sempre. Aquilo irritou ainda mais o baiano nervoso e, num ato
de explosão, Bruno invadiu o grupo e despejou seu braço de 25 quilos no queixo
do baixinho. Nocaute.
Bruno correu, a peruca loura chacoalhava, os
companheiros do futebol não sabiam o que fazer, os traficantes todos atrás do
Bruno. Aquela loura gorda corria descompassada, chinelos de dedo batendo no
chão de cimento, todos os jogos que transcorriam pararam para ver. Cena de
filme. Foi então que uma carona salvadora apareceu e, já com o carro ligado,
apanhou Bruno Dias e levou-o embora dali, para nunca mais voltar. A gorda
loura, agora suada, estava a salvo. Esta é a história de como o Futebol da
Libanesa deixou de ser o Futebol da HD para virar, em definitivo, o futebol da
Libanesa.
Graças à valentia de Bruno Dias e sua peruca cor de
fogo. Este é o diferencial dos homens com personalidade.
Jogo
526
Ficha
técnica:
Com Colete (13): Brito, Anderson, Xuxa, Chicco, Telmo,
Bonamigo e Pedra.
Sem Colete (13): Bruno, Guido, Gian, Gustavo,
Guilherme, Leandro, Pedro e Zanatta.
* Ranking atualizado
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