quarta-feira, 25 de abril de 2012

Os heróis do cotidiano




Jogo 479

Os heróis do cotidiano


Criados cerca de três mil anos antes de Cristo, os cadarços são considerados pelos historiadores uma grande invenção. Só não são mais importantes que a roda e o desodorante de roll-on, esses, sim, adventos invejáveis. Os cadarços foram criados inicialmente para garantirem firmeza e segurança nos movimentos apressados das pernas dos soldados fujões da Roma Antiga, que, antes de possuírem calçados com cordéis, ao baterem em retirada, deixavam para trás botas de couro frouxas que diminuíam sua velocidade. Mais que adornos coloridos nos pés de jovens emos, os cadarços são, portanto, uma invenção em prol da segurança e do resguardo físico da humanidade.

Acontece que o Bruno Dias, dia desses, estava o Bruno Dias a assobiar uma cantiga da Madonna em casa, vestido apenas com um robe verde-claro. Calçou um tênis novo em folhas, recém-adquirido, e decidiu sair para brincar com seu potente carrinho num conhecido parque da capital gaúcha. Pois Bruno calçou os dois pés do tênis, repoltroando-se em um confortável colchão Vivar Nobuck e, na hora de se esticar para amarrar o primeiro pé, sentiu um forte estalo: era o joelho, o velho joelho reclamando de sobrepeso. Tentou se levantar e, ao girar suas dezenas de quilos sobre o pobre menisco, caput, arrebentou com tudo. Caiu sobre seu confortável Vivar Nobuck urrando de dor, vestindo apenas um robe verde-claro e dois tênis desamarrados.

Fabiano ganhou mais uma e sobe no Ranking
Por ordem de sua imprudência, Bruno Dias ficará algumas semanas afastado dos gramados e agora, depois de meses sem conseguir enxergar seu órgão reprodutor devido à pujança abdominal, também estará impedido de se abaixar e fazer movimentos mais bruscos sobre aquele joelho. É por isto que devemos, cotidianamente, saudar os grandes heróis do corriqueiro: se você aquece antes do jogo, se você não deixa uma panela cheia de água quente na beira do fogão enquanto seu filho corre pela casa, se você dá a chave para o “motorista da rodada” ao tomar um porre, se você olha para os dois lados antes de atravessar a rua, se você acorda cedo para trabalhar e prover recursos e dignidade para sua família, parabéns, você é um herói.

Xuxa descobriu mais um sósia, um cantor inglês
Um dos mais eloquentes membros do fute das terças, Bruno Dias fará falta enquanto estiver em recuperação, e estaremos todos torcendo por sua volta. Nesta semana, quando ele esteve pela primeira vez ausente desde que esmagou seu joelho em casa, um jogo parelho e muito disputado marcou o encontro da Libanesa: de um lado, um time agudo, ofensivo e insinuante, Sem Colete. De outro, uma legião de virtuosos e esforçados jogadores que, assim como o Chelsea, mostraram que a coletividade mais uma vez sobrepujou a técnica. Um jogão, com final 12 x 10 para a equipe Com Colete. Uma vitória para brindar os heróis prudentes do dia-a-dia.


Ficha técnica:
Com Colete (10): Brito, Amigo Brito, Guido, Xuxa, Leandro, Leozinho Sichonany e Mateus.
Sem Colete (12): Goleirão, Amigo Brito 2, Leo, Anderson, Fabiano, Telmo e Bonamigo.


* Ranking atualizado

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Um por todos e todos por um




Jogo 478

Um por todos e todos por um

Você pode ganhar um jogo de tênis sozinho. Pode vencer uma luta de boxe com as próprias mãos. Se conquistar o campeonato mundial de solo de ginástica, será por seus méritos, ainda que toda uma equipe trabalhe junto por esta conquista.

Mas no futebol, não. Jamais alguém decidirá sozinho. Neymar só é Neymar porque Arouca corre uma média de 12 quilômetros por jogo, desarmando meias rivais e entregando a bola para o prodígio santista. Messi só é Messi porque tem Xavi, Iniesta e, por quê não?, Puyol. Prova disso é seu naufrágio sistêmico na seleção argentina, a pobre e fraca seleção argentina.

Quando as coisas não acontecem no futebol, normalmente algumas individualidades estão aquém do esperado: mas, quando a derrota é acachapante, humilhante, destruidora e vexatória, certamente é culpa do coletivo. Não adianta chilique do Xuxa, esforço descomunal do Guido e do Anderson, nem reclamação do Bruno e do Bona, se Chicco, Telmo e todos estão mal. Não há crítica pública ou talento que resistam a uma equipe desorganizada.

Xuxa tomou janelinha e ficou zangado: vai tomar mais 2  semana que vem!
Quando um time perde de forma incontestável, normalmente há uma equipe inspirada no outro lado. E foi justamente assim nesta terça, quando Brito foi impecável, Leo McGyver e Leo Latino deram rigidez à zaga, Guilherme, Fabiano e Leandro garantiram sobriedade ao meio-campo e Mateus foi o artilheiro de sempre.

Contra os fatos, não há argumentos, reza o clichê: mais que criticarmos uns aos outros, é hora do time B parar de ter siricutico, sacudir a poeira e dar a volta por cima.


Ficha técnica:
Com Colete (13): Brito, Leo, Leozinho, Guilherme, Fabiano, Leandro e Mateus.
Sem Colete (2): Bruno, Guido, Anderson, Xuxa, Telmo, Chicco e Bonamigo.

*Ranking atualizado

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Confissões de um torcedor triste




 Jogo 477


“Caros amigos,

Quão melancólica e deprimente pode se tornar a vida de um torcedor. Nesta quinta-feira, assim como todos os meus amiguinhos, tirei o manto sagrado rubro-negro do armário e coloquei-me diante da TV, radiante, lépido e esperançoso de que o meu Mengão conseguisse a classificação na Libertadores!

E fomos tão bem! Estávamos quase lá! Dei pulinhos de alegria quando, em três lances geniais, Ronaldinho Gaúcho serviu os companheiros para marcarem lindos gols contra o Lanús... Dei mais pulinhos e gritinhos quando vi que conseguiríamos! Muito emocionante!

Quando Luiz Antonio fez o terceiro gol e o Olímpia empatou com o Emelec, combinação que nos dava a vitória, não aguentei: peguei o telefone e, saltitante, fui c-o-r-r-e-n-d-o ligar para o meu querido amigo Guido. Eu gritava no telefone, e gritava e gritava mais um pouco, mas o Guido silenciou. Estranhei.

Foi então que o Guido disse, se chiando todo: ‘Caraca, maluco, ox caveirax fizeram um gol, xará! Entrou água, neguinho!’. Emudeci. Minha alegria se foi, meu mundo multicolorido preteou.
Desliguei o telefone e fui chorar. Não torço mais pelo Flamengo e, de agora em diante, meu time é só a Vivar”

(Bruno Dias)


Prezados libaneses, este é o triste relato de um flamenguista. Convoco todos a darem forças, enviando mensagens e e-mails ao nosso amigo Bruno, que enviou este texto através de sua assessoria para que nos espelhemos neste grande exemplo de superação.

Bruno, você é o nosso herói. Mesmo sabendo que o Flamengo não é o Inter, campeão de tudo, e nem o Grêmio, imortal que sempre avança, Bruno Dias acreditou no Flamengo, em Ronaldinho e em sua trupe.

Estamos contigo, amigo. O futebol, como nos jogos da última terça na Libanesa e da quinta-feira, no Engenhão, nem sempre é justo e premia o melhor time. Às vezes é preciso mais que isso. É necessário o brilho, a sorte e a força que só os vitoriosos, como o Grêmio, o Inter e o time Com Colete têm.

Ficha técnica:
Com Colete (10): Bruno, Leo, Leozinho, Gian, Gustavo, Chicco, Telmo e Bonamigo
Sem Colete (8): Brito, Guido, Anderson, Xuxa, Fabiano, Guilherme, Leandro e Zanatta

* Ranking atualizado

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Uma vitória da organização


Jogo 476

Brito fez a dieta do bolo, rejuvenesceu e fechou a meta
O futebol é muito simples: quem tem a bola ataca; quem não tem, defende. A célebre frase do técnico Neném Prancha, folclórica figura do futebol carioca na década de 40, nunca foi tão pertinente como na última terça, no futebol da Libanesa.

Estavam divididos equanimemente duas equipes, dois times cuidadosamente selecionados para que a partida fosse a mais equilibrada possível. E foi. Em noite inspirada, entretanto, o time de verde atacou mais durante o jogo todo e, como preconizou Neném Prancha, restou ao Sem Coletes defender-se. Guido, Dimitri, Gian, Gui, Xuxa e até Leo Sichonany deram consistência à zaga. Bonamigo, fazendo jus ao perfil valente descrito por este blog na semana passada, foi um leão faminto em busca da bola que perturbou a defesa adversária a todo instante.

Do outro lado, jogadores normalmente luzidios pareciam apagados pelo ímpeto do time verde. Quando avançava, o Sem Coletes carecia de acabamento, perdendo inclusive um pênalti. O pênalti, aliás, disse Neném Prancha, é tão importante que deveria ser sempre batido pelo presidente do clube.

Chicco não esteve bem
O revezamento de Bruno e Gustavo no gol, as más atuações de Leandro, RiTelmo e Chicco e a desconcentração de Fabiano e Anderson acuaram o capitão Leo, que ficou sobrecarregado na zaga. Desorganizado, o time Sem Coletes não teve forças para reagir e, quando parecia acordar, já não havia mais tempo para nada.

A organização é a mola-mestra do sucesso dos grandes times de futebol. O atributo mais importante. E, como sabiamente percebeu o mítico Neném Prancha, o importante é o principal, o resto é secundário. E, quando o principal não dá certo, como ocorreu com o time Sem Coletes nesta terça, o secundário quase não tem valor.

Paparazzi flagrou Anderson e Telmo na boemia na véspera do jogo
Torcida protesta contra caso de indisciplina – Dono do melhor aproveitamento entre os jogadores da Libanesa no ranking passado, Anderson ainda não pontuou na atual tabela. Segundo o site de fofocas Ego, o peladeiro tem sido visto frequentemente em festas, pubs e casas de passagem da boemia gaúcha. A foto ao lado, com o meia Telmo Jaconi, teria sido tirada na véspera do jogo desta semana – o que explica, em parte, o mau desempenho da equipe Sem Colete. “Não foram 37 caipiras. Foram apenas 22”, garantiu Anderson, através de sua assessoria de imprensa. A torcida do time Sem Coletes organiza protesta na frente do clube nesta Sexta-Feira Santa.

Ficha técnica:
Com Coletes (9): Brito, Guido, Dimitri, Guilherme, Gian, Bonamigo, Xuxa e Leonardo Sichonany.
Sem Coletes (7): Gustavo, Leo, Anderson, Fabiano, Chicco, Telmo, Leandro e Bruno.

* Ranking atualizado

terça-feira, 3 de abril de 2012

O retorno do Homem de Ferro



 
Esta é a história de um homem duro na queda.

Você pode sobreviver a um acidente automobilístico. Pode sair ileso de uma dividida com o Dinho. É capaz de enfrentar tsunamis, derrubar paredes, resistir a tormentas. Mas jamais prense uma bola com Rafael Bonamigo.

A bola está rolando em linha reta, na direção da meta contrária, e lá se vai Bonamigo, derrubando oponentes como se fossem pinos de boliche. Tromba, dribla, estica-se, perde o controle, recompõe-se e sai com ela dominada, de cabeça em pé, sozinho diante do indefeso goleiro. Mesmo longe da forma física ideal, fruto de semanas afastado dos gramados comendo gordurosos hambúrgueres em território estrangeiro, Bonamigo voltou ao futebol da Libanesa na terça passada e, ainda que não tenha ganhado a partida, deixou sua marca. Marcou gols, correu, gritou e, acima de tudo, derrubou adversários e ganhou divididas.

Reza a lenda que Rafael, ainda menino, implantou dois lingotes de ferro em suas canelas. Amigo de todos e um tremendo boa-praça longe dos gramados, Bonamigo joga sem maldade, mas de punhos cerrados. É a celebração do futebol-força, do futebol-raça, do futebol cisplatino. Se Neymares ou Robinhos ousassem ciscar diante das rijas canelas de Bonamigo, teríamos a confirmação de que futebol é feito, em última análise, para homens de força – e colacionaríamos tornozelos quebrados no serelepe futebol brasileiro.

Certa feita, Leandro teve a brilhante ideia de promover uma “confraternização de fim de ano” com a turma do horário anterior. Dinho dividiu duas vezes com Rafael Bonamigo e pediu pra sair: não aguentou a pressão. Dividir com Bonamigo, afinal, é receber um golpe de milhares de toneladas de newtons debruçando-se sobre suas canelas. È como bater sem freio em um muro de concreto.

Mais que um jogo morno e de controle total pelo time Sem Colete, a noite de terça passada brindou o retorno do Homem de Ferro aos gramados libaneses. Um homem de muitos sorrisos, um homem de grande valor afetivo, mas um homem que não perde divididas. Brindou a volta do Ferro Bonamigo.

 
10 verdades sobre Rafael Bonamigo:

- Quando Rafael Bonamigo faz flexões, ele não levanta o próprio peso. Ele empurra o planeta.
- Os dinossauros olharam torto para Bonamigo uma vez. Uma vez.
- Quando o Bicho Papão vai dormir, ele deixa a luz acesa: tem medo de sonhar com uma dividida com Rafael Bonamigo.
- Antes de esquecer um presente de Rafael Bonamigo, Papai Noel existia.
- Bonamigo pediu uma camiseta do Inter na Grêmio Mania. E foi atendido.
- Bonamigo pode matar duas pedras com um passarinho.
- Certa vez Rafa Bonamigo levou uma facada no olho. A faca ficou cega.
- A Grande Muralha da China foi originalmente construída pra impedir a entrada de Bonamigo naquele país. Ele a derrubou com um jogo-de-corpo.
- Uma vez , Bonamigo comeu um bolo inteiro antes que seus amigos pudessem lhe contar que havia uma stripper dentro.
- Certa vez, Bonamigo resolveu nadar e chocou-se contra um barquinho. Seu nome era Titanic.


Fichas técnicas:
Jogo 474:
Sem colete (12): Leo Sichonany, Guido, Gian, Guilherme, Chicco, Telmo e Mateus.
Com colete (8): Gustavo, Dimitri, Xuxa, Anderson, Fabiano, Leandro e Diego.

Jogo 475:
Sem colete (17): Leo, Gian, Fabio Motta, Xuxa, Fabiano, Telmo e Chicco.
Com colete (11): Bruno, Elton, Leandro, Guilherme, Gustavo, Bonamigo e Mateus.